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Vamos conversar sobre o bem-estar do seu filho/a?

Atualizado: 13 de jul. de 2022









Mamães e papais, ou qualquer outro familiar que se dedica nos cuidados com o bebê, é preciso que fiquem em alerta! Sabemos que alguns responsáveis que cuidam dos bebês trazem algumas razões para comprar e disponibilizar andadores aos seus pequenos. E muitos ainda não sabem que esse objeto de aparente apoio ao desenvolvimento psicomotor do bebê pode causar danos graves ao desenvolvimento da criança, e levando a outras consequências também. É bastante comum ouvirmos algumas falas como, por exemplo,


“Meu bebê ficará mais seguro e aprenderá mais rápido a andar!”.

“Assim, ele pode brincar sem cair e se machucar”.

"Ah, mas o andador é bom, porque dá a ele independência!”. “

"O bebê aprende fazer exercícios físicos”.


Será que é assim mesmo? Com certeza, não!


A realidade do resultado com diversos modelos de andadores, é bem diferente!


A realidade com uso de andadores ainda é preocupante por ser extremamente perigoso para o desenvolvimento psicomotor dos bebês. Considerado até como uma espécie de ‘brinquedo’ ainda bem popular e, apesar de ser contra indicado pelos pediatras, bebês com idade entre 06 meses e 01 ano e 03 meses utilizaram ou utilizam andador, infelizmente.


O desenvolvimento psicomotor da criança é muito importante desde seu nascimento com estímulos adequados que, gradativamente, contribui para o aumento da capacidade de realizar funções cognitivas (memória, atenção, linguagem, percepção e funções executivas). Também as habilidades motoras básicas (locomotoras: correr e saltar; estabilizadoras: equilibrar e rolar; manipuladoras: arremessar, receber, chutar, rebater, entre outras). Este processo desenvolve não só a capacidade física, mas também intelectual e social da criança, tornando-se um adulto dentro do que é esperado num desenvolvimento normal.


Atenção para algumas ressalvas!


Contudo, pode haver bebês que apresentam algum motivo para atraso no seu desenvolvimento com alguma síndrome, ou relacionado a prematuridade e/ou alterações do SNC (sistema nervoso central). Num desses casos, é importante a ajuda de um profissional, além do pediatra responsável pelo bebê, para orientá-los sobre outras possíveis avaliações, como do fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional.


"O natural é a criança ter liberdade para ser criança desde que nasce. É preciso deixar o bebê deitar e rolar, literalmente!"


Mas, a mamãe e o papai, podem estar se perguntando, o que há de errado com o andador, afinal? E o fisioterapeuta, alerta!


Tudo!

Então, vamos aos motivos e suas consequências que se tornam um perigo para seu bebê e que compromete o desenvolvimento de uma criança.

O andador convencional é o maior vilão dessa história, pois além de possíveis acidentes como, quedas e facilidade de pegar objetos perigosos, há outros problemas relacionados. Não é novidade que os nossos membros inferiores são responsáveis por carregar o peso do nosso corpo, ou qualquer outro peso extra que acrescentarmos quando estamos em pé, certo? No entanto, no andador o bebê tenta ficar em pé (de forma inadequada) e ainda tem seu apoio nas suas virilhas e órgãos genitais, o que é preocupante.



"Observar o movimento das mãos e pés é importante para o desenvolvimento do cérebro e da propriocepção"

O ideal é que ele seja estimulado para adquirir força adequada para andar (naturalmente), e tornar-se capaz de sustentar seu próprio peso sobre os pés, e não precisar sofrer pressão na região genital como apoio por não ter altura regulável no aparelho. Nesta condição incorreta com andador, a maioria dos bebês acabam criando uma forma de apoio inadequado nos pezinhos ao tentar tocar o chão, comumente ainda na ponta dos pés, ou tentando caminhar com os joelhos flexionados. Para piorar, as crianças atrasam a marcha, pois ficam dependentes da estabilidade fornecida pelo andador.


O tronco do bebê precisa adquirir equilíbrio para ajudá-lo nas suas caminhadas sozinho, e o andador tira dele essa experiência natural. Com a ajuda do andador a criança não experimenta também como reagir para se proteger de uma queda ao chão, o que é comum durante a exploração dos pequenos, e sentir o toque do solo em suas mãozinhas ao cair.

Observar o movimento das mãos e pés é importante para o desenvolvimento do cérebro e da propriocepção (ato de reconhecer a posição dos nossos membros mesmo sem olhar para eles).

E para completar a não recomendação desse objeto, ainda existe a bandeja do andador que limita a criança a articular com mais liberdade seus bracinhos, evitando que ela possa tocar em outros objetos de sua curiosidade (desde que permitidas e sem correr risco de se machucar, é claro), batendo, balançando e, em alguns casos, descobrindo que tal objeto faz ruídos ou sons quando manipulados.


Desenvolvimento Saudável


"Para a criança tudo é novidade e fazer descobertas é sua missão!"

O natural é a criança ter liberdade para ser criança desde que nasce. É preciso deixar o bebê deitar e rolar, literalmente! A natureza humana é capaz de se desenvolver com maestria, criando meios próprios de se autoconduzir, principalmente, se tiver estímulos eficazes. Quando os pais, ou outro familiar, ou seja, àquele que se dedica a cuidar do bebê e permite que este experimente situações novas que ajude fortalecer sua musculatura ao engatinhar, levantar, pegar, e alongar está contribuindo e muito! Deixar o bebê tocar seus pezinhos no chão com firmeza, ao contrário do andador, aprende tatear com os pés o tapete, a areia do parque, etc., criando significados para o que sentiu.

"Aos pais ou responsáveis, resta evitar ou orientá-los no que pode ou não mexer para evitar acidentes e estimulá-los e apoiá-los, seja com gestos ou palavras carinhosas"

O processamento sensorial inclui a recepção de um estímulo que é o registro sensorial, que logo se transforma num impulso neurológico de orientação, e a percepção consciente do estímulo que determina a interpretação para, então, obter uma resposta adaptativa adequada a ele. Isso é um processo buscado.

Deitar, rolar, sentar ou caminhar não precisa ser ensinado para os bebês, pois é no explorar o ambiente, assim como os seus brinquedos, que eles vão descobrindo quais são as melhores formas para movimentar-se e mudar de postura quantas vezes forem necessárias.


No andador, não há essa possibilidade de se arrastar, engatinhar, agachar, etc., perde a oportunidade de aprender a usar o seu corpo e desenvolver seu cognitivo adequadamente, ajudando no não desenvolvimento psicomotor. Também, é importante ressaltar que o desenvolvimento neurológico da criança acontece sequencialmente, em que, um aprendizado conquistado prepara o bebê para a seguinte aquisição. A criança precisa ter autonomia e, no mais, aos pais ou responsável, resta evitar ou orientá-los no que pode ou não mexer para evitar acidentes e estimulá-los e apoiá-los, seja com gestos ou palavras carinhosas. Para a criança tudo é novidade e fazer descobertas é sua missão!


O que dizem os especialistas

[...] o equipamento coloca crianças em risco de acidentes graves, inclusive com morte"

A criança não possui ainda noção de perigo. A capacidade de autoproteção só é adquirida a partir dos 5 anos de idade.

Em 7 de abril de 2007, o Governo do Canadá passou a não autorizar mais o comércio de andadores para bebês no país, por considerar perigoso e até recomendou que as famílias se desfizessem dos aparelhos.


No Brasil, a Justiça do Rio Grande do Sul, em 2013, decidiu suspender a comercialização de andadores infantis. Assim, como o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) realizou testes com todas as marcas de andadores produzidas no Brasil (na ocasião) e todas foram reprovadas.

Já a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) que, entre suas missões, uma delas é defender os interesses dos médicos e das crianças e adolescentes, assim como de seus pacientes e familiares, deixa claro em suas campanhas a contra indicação ao uso de andador, inclusive.


Levando em conta alguns estudos, foi comprovado que a criança que usa andador possui escore inferior nos testes de desenvolvimento. Também se observou que o ato de andar da criança é tardio, se comparadas com as crianças que tiveram suas experiências de forma natural, sem impedimento. Ao deixar a criança se apoiar em andadores provoca impedimentos dos músculos e tendões de se desenvolverem corretamente. E a criança, por ficar sentada no andador em posição que força e roda as pernas para fora, prejudica o encaixe entre a cabeça do fêmur e o quadril.

Na atualidade


Mais recentemente, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, aprovou no dia 21 de novembro de 2018, com emenda, uma proposta que proíbe a fabricação, a venda e a utilização de andador infantil em todo o País. O Relator no colegiado, o deputado Diego Garcia (Pode-PR), comentou:


"É essencial que produtos dirigidos a crianças na primeira infância sejam seguros inclusive em condições adversas encontradas no cotidiano" (do site: Câmara dos Deputados/Saúde/Andadores).


É importante ressaltar que, no caso de crianças que já têm algum tipo de atraso no desenvolvimento, utilizar andadores pode comprometer ainda mais seu desenvolvimento, acarretando problemas de equilíbrio e alinhamento.

Cada criança tem seu tempo necessário para andar de forma saudável e natural que é entre 10 e 18 meses. Nesse período, seja pra mais ou pra menos, é o tempo exclusivamente dela e precisa ser respeitado para o bem dela. Se um filho (a) andou em tempo diferente se comparado com outro irmão (a) não significa que aquele que andou mais tarde tem algum atraso neurológico ou neuromotor. Significa que a natureza não emite regras de desenvolvimento igual a todos nos mínimos detalhes.


Uma visão da Psicologia


De acordo com a psicóloga e psicoterapeuta clínica, há questões importantes que são cruciais para o bom desenvolvimento do ser humano e que é levado para a vida. E a primeira delas é a família e sua estrutura que está relacionado diretamente com a personalidade (uma característica do ser humano que está relacionado aos sistemas psíquicos, morais e físicos). Torna-se necessário oferecer um ambiente confiável e acolhedor para ser ‘suficientemente bom’. É preciso haver um ambiente saudável que proporcione um bom desenvolvimento das suas potencialidades, sem a necessidade de acelerar a natureza, ou excesso de proteção que impeça a criança de cair e levantar sozinha, por exemplo, e criando suas próprias defesas. Mas que lhe ofereça proteção na medida e lhe desperte o prazer de viver que fará toda diferença futuramente. Se o ambiente for ‘falsamente bom’ (entre outras questões), como, por exemplo, utilizar andador como refúgio para não ter que se estressar com a criança, significa que pode ocorrer o “fracasso do suprimento ambiental” ocasionando problemas sérios no desenvolvimento saudável físico e mental do ser.


"É a partir dos sucessos ou fracassos do meio em que a criança está inserida que se dá a formação psíquica"

Segundo D. W. Winnicott (pediatra e psicanalista inglês), ele defende em uma de suas teorias a importância do processo de formação do Self (o ‘Eu’ do ser humano). Ele destaca a relevância dos cuidados maternos (e paternos) que corroboram com a formação do mundo interno do bebê. É a partir dos sucessos ou fracassos do meio em que a criança está inserida que se dá a formação psíquica (logo, a psicomotora) da criança, que é decisiva para constituição da sua subjetividade (suas próprias significações). Para Winnicott o ambiente (família) é parte integrante importante que, sendo suficientemente bom, proporciona a integração e um desenvolver saudável dos potenciais inatos do bebê. A falta deste ambiente adequado, disponível e suportável, o sentimento de existir do bebê torna-se prejudicado, não conseguindo ser ele mesmo, singularidade (seu 'Eu' próprio).


“Na saúde, as perturbações ambientais até um certo grau constituem um estimulo valioso, mas para além desse grau tais perturbações são contra-producentes na medida em que dão margem a reações. Nesse estágio tão inicial do desenvolvimento ainda não há uma força suficiente do ego para que ocorra uma reação sem perda da identidade” (Winnicott, 2000 [1949]:263).


Ser uma família ‘suficientemente boa’ para seu filho (a) é saber que não há a família perfeita, que não erra. E que o normal é ter falhas, medo, insegurança e se sentir incapaz, muitas vezes. A mediação do cuidador (a) é muito bom, mas sem a necessidade de buscar a perfeição. E quando a criança também passa pelas falhas do ambiente (apesar de todo cuidado dos pais) é que o tornará saudável e fortalecido física e mentalmente para viver a vida.


Então, mamães e papais, relaxem e curtam cada ‘pegar’, ‘lagar’, ‘rolar’, ‘levantar’, ‘agachar’ e/ou finalmente ‘andar’ do seu bebê. Curtam cada momento (que passa rápido!) de seu desenvolvimento e suas descobertas que é tão importante para ele e, ao perceber algo diferente no seu desenvolvimento natural, e que fuja muito ao que é esperado, consulte seu pediatra de confiança que ele irá prontamente orientá-los sobre quaisquer atitudes necessárias a serem tomadas e com quais profissionais procurar ajuda. Então, fica aí essa dica tão importante para um crescer saudável!


Abraços!

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