Medo Ansiedade Insegurança
Olá, pessoal!
Esse parece ser um assunto que deixa muitos papais e mamães apreensivos no início, quando chega o momento de convidar criança a conhecer o mundo, para além do primeiro grupo de contato social que é a família. Além disso, mesmo que a criança já tenha passado pelo grupo secundário de contato social, ou seja, tudo e todos que estão em volta da família fora de casa, sem intimidade, saiba que a criança que ainda não foi para a escola, por mais que ela conviva com este lado externo, que não é sua família, ela não saberá adequadamente como lidar com as situações de relacionamentos com pessoas, coisas e fatos do mundo. E no finalzinho deste artigo, vou contar um pouquinho da minha experiência pessoal. Então, vamos falar sobre esta questão e compreender melhor sobre esse momento tão importante para a criança e seu desenvolvimento.
O primeiro dia e a primeira vez numa escola para a criança é sem dúvida uma das experiências mais estranhas para elas. Sair da rotina diária, de poder ficar junto dos seus familiares, sobretudo, papai e mamãe, não é algo que as crianças desejam ter por longo período nesse momento. Em casa no aconchego do lar, o colo da mamãe ou do papai, o cheiro do ambiente da criança, o brincar, o comer, tudo isso representa o bem-estar do seu “ninho”. E de repente, algo mudou, e agora ter que ficar longe de casa e de todo esse aconchego, principalmente, longe da mamãe, torna-se um dilema para os pequenos, a priori.
Pais de primeira viagem, e filhos, também!
A ansiedade dos pais é esperado e compreensivo. Esse sentimento, contudo, também se manifesta nos filhos, principalmente se os pais ou familiares não conseguirem controlar tal sentimento na frente da criança. As crianças percebem o que os pais sentem e acabam tocados pelos seus sentimentos. Pois pode representar para ela insegurança em relação a nova realidade. "Se a mamãe ou papai está triste, lá não é legal ", podem pensar.
É importante que os pais se preparem para esse momento, assim como preparar a criança, para fazer desse dia um dia bom de experiência positiva, pois ficará marcado na memória e também será aí o 'ponta pé' inicial da carreira acadêmica da criança. Esse período de crescimento da criança é de grande importância para o desenvolvimento emocional e cognitivo dela. A família ensina a criança o sentimento de pertença, de reconhecimento, o que vai corroborar para o desenvolvimento psicossocial dela. Na família e na escola a criança tem muitos estímulos que fazem aprimorar seu desenvolvimento. Família e escola devem ser parceiras nesse sentido.
Seja positivo (a) quando falar da escola...
É recomendado aos pais que escolham e conheçam com calma a instituição onde a criança vai ficar por longo período. Levem a criança junto, afinal, ela é a parte que mais precisa se interessar, gostar! Visite as instalações, conheçam quem serão os (as) professores (as), (educadores), observem a rotina dos quais já estão por lá. Pode, inclusive, conversar com outros pais desta escola que já passaram por esta experiência. Em casa comente com a criança que a escola é um lugar legal e que conhecerá novos amiguinhos (as). Seja positivo (a) quando falar da escola para que ela possa se sentir curiosa para conhecer e fique empolgada com isso, mesmo que seu coração, mamãe e papai, esteja apertadinho com a nova rotina longe da criança.
Pegue a lista de todo material que ela irá usar no semestre e convide-a para ir junto com você comprar. Deixe-a escolher: a cor de tal material, o desenho que está no produto que seja aquele que lhe agrada mais aos olhos, desde que o produto esteja dentro da lista determinada pela escola, a priori. Tudo isso, essa energia positiva, deve acontecer antes de começar levar a criança para seguir o itinerário escolar. Assim, a criança não será pega de surpresa com algo novo e estranho para ela.
É normal que diante de uma experiência nova o medo se manifeste, tanto nos pais quanto nas crianças.
"Crescer dói". A criança, mesmo que ela esteja empolgada em casa com a ideia da escola, no dia é natural que ela chore ao perceber que a mamãe ou o papai a deixará lá. Mas não fique "num vai e vem" na tentativa de agradá-la a parar de chorar, pois dificilmente isso irá acontecer de pronto, mas vai passar quando você se for. Se ela chorar dizendo que não quer ficar, abaixe-se na altura dela com respeito e com todo amor que você tem pelo seu filho (a) e converse.
Diga que você vai deixa-la ali para conhecer melhor a escola com a professora e também conhecer novos amiguinhos (as), e que depois poderão aprender coisas e brincadeiras novas. Se a criança ficar muito sentida e difícil de acalma-la, e a escola permitir no primeiro dia, poderá ficar alguns minutos na sala para que ela sinta que é seguro e que realmente a mamãe ou papai estava falando a verdade, que é legal! E que mais tarde você estará lá para apanha-lo (a). E olha, papai, mamãe, ou qualquer outro familiar ou babá, não se atrase para pegá-los. Saiba que você estará assumindo um compromisso de confiança com a criança e você não quer comprometer o vínculo que vocês construíram até agora. E quando for inevitável o atraso, ligue para a escola e avise. A professora saberá o que fazer.
Este é aquele momento em que a criança começa a construir seu espaço, sua independência, o seu aprimoramento como ser psicossocial, o “desmame”.
A convivência com a diversidade humana (diferenças culturais, étnicas, ideológicas, religiosas, etc.) é bom, pois a criança até agora teve seu contato direto com primeiro grupo social familiar e vizinhança próxima em que permitiu mais intimidade e, logo depois, aos poucos com o segundo grupo social de contato direto, porém mais distante (sem intimidade) como, por exemplo, a igreja, o clube, etc. São fases importantes, mas precisam ser aprimoradas.
A criança pode considerar nesse período que a professora é como "a mãe da escola" a famosa “tia” depositando nela amor, confiança.
A escola como um grupo social intermediário entra nesse cenário para ajudar a criança na construção do "como se relacionar com o mundo" e que vai intermediar e aprimorar entre o contato primário e secundário a partir das experiências novas. Aos poucos a criança vai começar a criar novos vínculos, seja com a professora e demais colaboradores, seja com os amiguinhos (as) novos. A criança e os pais vão superar gradativamente o medo inicial conforme vão depositando a confiança, na escola, no (a) educador (a), assim como a escola neles. Aos poucos todos perceberão um progresso natural da criança. E a vida toda estaremos sempre em contato com algum grupo social.
Na escola a criança aprende a se socializar. Também ela desenvolve novas habilidades se preparando para a vida acadêmica no futuro. Aprende sobre coisas da vida e do mundo de forma lúdica, assim como o que é ético ou não (embora isso também seja aprendido desde casa), o que é cidadania e a importância dos laços afetivos, preparando ela para saber viver sua vida junto aos outros no mundo.
Ao final do dia, quando já estiverem em casa, se a criança não comentou nada ainda, pergunte como foi o dia dela, se ela gostou das atividades que eles fizeram, e se fez alguma amizade nova, etc. Mostre para ela que os pais (ou familiares de contato direto como avós, ou a babá) se interessam por ela, e pergunte se ela está feliz ou não. E depois (ou antes) conte sobre seu dia também. Despertar nela o interesse sobre o bem do outro também é estímulo para afetividade.
...fiquem atentos (as), se perceber rotineiramente que a criança não parece feliz ao perguntar da escola e fica muito ansiosa, chora ou se recusa a falar sobre seu dia...
Por outro lado, se a criança tenta exaustivamente não ir para a escola, ou não consegue dormir bem a noite, etc., desconfie. Certamente tem algo acontecendo com ela e não está conseguindo verbalizar aos pais e até para a professora. Os pais precisam conversar entre si e com a escola, e juntos investigarem o porquê deste (s) comportamento (s). É importante que os pais criem um vínculo de confiança com a escola e vice versa. Ser participativo sempre que a escola convidar para algum evento que envolve seu filho (a). Isso fortalece a confiança com a criança e estreita o relacionamento com os educadores.
MINHA EXPERIÊNCIA COMO "PAIS DE PRIMEIRA VIAGEM"!
A minha primeira vez e a do meu esposo, no primeiro dia de escola com a nossa filha, não foi diferente quanto a insegurança e medo de não saber como seria exatamente. Ainda foi um pouco mais trabalhoso, porque nós estávamos morando em outro país (Japão) trabalhando e estudando; outra cultura; outra (s) língua (s)... E nem tivemos dicas assim para nos acolher rs (e nem era psicóloga ainda). Mas confiamos, e aos poucos fomos todos ficando cada vez mais despreocupados! A experiência de outros pais (e brasileiros) que moravam por lá também, na ocasião, foi um alento em alguns momentos. O coração ficava apertadinho? Sim, e como! Mas precisávamos confiar nela (e em nós), e acreditar que, no final, elas (as crianças) dão conta! 😊
Então, pais de primeira viagem, ou não, deixo aqui algumas dicas que podem ajudá-los nessa primeira experiência com seus filhos (as). Mas, se ainda não conseguirem lidar direito com isso, procure ajuda profissional para orientá-los ainda mais.
Desejo que tudo corra bem, e que seja uma boa nova fase nessa aventura familiar!
Abraços!
Comments